Na Semana Santa de 2025, Congonhas fortalece uma de suas tradições mais significativas: a ornamentação com estandartes nas fachadas das casas ao longo do trajeto das procissões do eixo Matriz Nossa Senhora da Conceição e Basílica do Senhor Bom Jesus de Matozinhos. A iniciativa tem como objetivo valorizar a cultura local e fortalecer os laços entre a comunidade e as celebrações religiosas.
A proposta de recuperar os estandartes partiu do trabalho voluntário de duas moradoras, Dona Graça e sua irmã Maria de Lourdes Reis, que iniciaram esse movimento antes da pandemia da Covid-19. Na época, elas confeccionaram diversas peças por conta própria. A partir desse esforço inicial, foi feito um levantamento que identificou 108 estandartes na cidade, sendo que 16 estavam sob a guarda do Grupo de Teatro Dez Pra’s Oito.
A Secretaria Municipal de Turismo, por meio da gerente Alexandra Paixão, e a Secretaria de Cultura, representada por José Félix Junqueira, o Zezeca, que também é o criador do Grupo de Teatro Dez Pra’s Oito, se uniram para ampliar esse trabalho. Equipes das duas secretarias percorreram a ladeira da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matozinhos até a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, conversando com moradores e incentivando-os a colocar os estandartes nas fachadas, como é de costume nesse período.
Durante as visitas, foi observado que cerca de 30 moradores não possuíam estandartes, mas manifestaram interesse em participar. Para atender a essa demanda, o Grupo de Teatro Dez Pra’s Oito contribuiu com a doação de tecidos, o que permitiu a confecção de 30 novos estandartes. As peças foram produzidas voluntariamente por duas moradoras, Dona Tânia e a Sra. Natalina, e estão sendo entregues em regime de empréstimo aos moradores da região.
A entrega dos estandartes tem sido recebida com entusiasmo pela população. Na rua Feliciano Mendes, Ivone da Glória Pereira, moradora há mais de meio século, expressou sua alegria com a novidade: “Eu moro aqui há 53 anos nesta casa. Receber é muito bom. Geralmente a gente enfeita com o que tem em casa: colcha, bordado, alguma coisa assim. Mas estandarte a gente nunca colocou. A gente nunca teve, porque é sempre ali, na rua de lá, da esquina [rua do Aleijadinho]. Mas aqui, este ano, é a primeira vez e eu estou muito feliz com isso.” Na mesma rua, Silvania Oliveira compartilhou a surpresa e o encantamento com a tradição: “Não é da minha época essa tradição, mas achei lindo, maravilhoso receber este estandarte, é uma representação muito bonita para adereço. A gente merece!” Já na rua do Aleijadinho, onde a prática já é mais comum, Luiza de Marilac de Souza destacou a importância de manter a tradição viva e agradeceu pela ação: “Eu já tinha este costume por causa do hotel. Eu achei maravilhoso. Queria até agradecer à prefeitura. Ainda estava pensando, ‘esse ano como é que eu ia fazer’? Porque no ano passado fui em mesma quem fiz. E hoje recebo este presente.”
A iniciativa conta com a participação direta da comunidade e da prefeitura, e pretende reforçar o aspecto visual e simbólico das procissões, que percorrem o caminho entre a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matozinhos e a Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Mais do que uma ação pontual, essa mobilização demonstra o compromisso com a preservação de uma tradição presente na história e no cotidiano de Congonhas. Ao incentivar o uso dos estandartes, o município reforça o valor da cultura popular, fortalece os laços entre os moradores e contribui para a valorização do turismo religioso na cidade.